IMOBILIÁRIO: Estrangeiros fora da UE lideram procura de habitação em Portugal
Da Europa ou de outros cantos do mundo para Portugal. São muitos os estrangeiros que chegam todos os anos ao nosso país com a intenção de comprar ou arrendar casa, procurando melhorar a sua qualidade de vida ou um investimento rentável. E embora haja menos incentivos fiscais disponíveis para esse perfil de clientes do sector imobiliário, é quem vive fora das fronteiras europeias que tem maior interesse em fazer as malas e passar a ter uma residência em Portugal, revelam os dados mais recentes da plataforma Idealista.
Os incentivos fiscais destinados aos estrangeiros foram alvo de muitas alterações nos últimos anos, com o fim dos vistos gold para investimento imobiliário, bem como do antigo regime de Residentes Não Habituais (RNH), pela mão do anterior Governo socialista de António Costa. Estas mudanças acabaram por ter impacto negativo na procura de casas para comprar por quem mora fora da União Europeia (UE) ao longo de 2023 e criar instabilidade neste indicador no decorrer de 2024. E o interesse destes cidadãos fora da UE em casas para arrendar acabou por seguir uma trajectória semelhante.
O que salta à vista é que, apesar da falta de estabilidade nas políticas destinadas aos estrangeiros, a procura de casas por cidadãos que moram fora da UE foi sempre superior ao interesse despertado por quem vive num dos países comunitários ao longo deste período, tanto na compra de casa, como no arrendamento (sendo mais expressiva neste último caso), mostram ainda os dados.
Procura de habitação por quem vive fora da UE
% de procura fora da UE face ao total de procura estrangeira em Portugal
Também se observou um ligeiro aumento do interesse dos cidadãos fora da UE por casas para comprar e arrendar em Portugal na recta final de 2024 (para 54% e 63,8% do total da procura internacional, respetivamente), embora ainda continue longe dos valores registados no fim de 2022, antes destas alterações aos benefícios fiscais destinados a estrangeiros entrarem em vigor.
Por essa altura (em Dezembro do ano passado), saiu em Diário da República a tão aguardada portaria que veio regulamentar o Incentivo fiscal à investigação científica e inovação (IFICI+), o substituto do antigo regime de RNH. Mas só dois meses depois é que foram divulgadas duas peças fundamentais para aplicar este incentivo: o formulário de inscrição e a lista de postos de trabalho qualificados. Acontece que o prazo de inscrição no Portal das Finanças é curto, já que os estrangeiros têm apenas até esta Segunda-feira, dia 31 de Março, para se candidatarem ao IFICI+, depois de ter sido excepcionalmente prolongado (antes a data prevista era 15 de Março de 2025).
O que se tem sentido a nível mundial quanto à atracção de estrangeiros não é uniforme. Há países que já colocaram (ou vão colocar) restrições à compra de imóveis por estrangeiros, como o Canadá, Austrália ou Espanha. Mas também há outros que estão a incentivar a sua chegada, como a Nova Zelândia e os EUA, que vão flexibilizar os vistos gold para atrair investidores ricos.
Os estrangeiros que vivem fora da UE - como os brasileiros ou os norte-americanos, por exemplo - lideram a procura de casas à venda em Portugal em 15 grandes cidades. Em Ponta Delgada, nos Açores, sete em cada 10 estrangeiros que têm interesse em comprar casa no nosso país moram fora das fronteiras europeias. A proporção de visitas internacionais além do espaço comunitário também é superior a 64% em Braga, Coimbra e em Viseu.
A maior parte da procura internacional por casas para comprar no Porto também foi realizada desde fora da UE (60,4%), assim como em Lisboa (60,2%), mostram os mesmos dados.
Já em Faro, Portalegre, Guarda, Viana do Castelo e em Bragança são os estrangeiros que vivem nos países da UE os que mais procuraram casas para comprar em Portugal.
O que ainda se observa é que, no último ano, houve um aumento da procura de casas para comprar por residentes fora da UE em 11 municípios, como foi o caso de Bragança, Porto, Funchal e Lisboa. A evolução do seu interesse ficou praticamente inalterada em cinco grandes cidades (Braga, Setúbal, Santarém, Vila Real e Viseu). E caiu na Guarda, Leiria, Ponta Delgada e em Castelo Branco.
Casas à venda em Portugal: a procura estrangeira fora da UE
% de procura fora da UE face ao total de procura estrangeira em Portugal
Praticamente todas as 20 capitais de distritos portuguesas possuem uma procura de casas para arrendar por estrangeiros fora da UE bem superior ao interesse despertado por quem mora dentro destas fronteiras – a única excepção é o Funchal, na ilha da Madeira (47,8%).
Viseu é a grande cidade onde os estrangeiros fora da comunidade europeia predominam a procura no mercado de arrendamento habitacional (80,2%), seguida de Braga (78,2%) e Leiria (75,1%). Também no Porto (65,7%), Lisboa (59,8%) e em Faro (56,3%) estas famílias dominam a procura.
No último ano, a procura de casas para arrendar por estrangeiros fora da UE cresceu em 11 municípios, com Portalegre, Faro e Funchal a liderar as subidas. Por outro lado, este indicador estabilizou em Aveiro e caiu em oito concelhos (Guarda, Castelo Branco, Santarém, Viseu, Leiria, Bragança, Beja e Viana do Castelo).
Casas para arrendar em Portugal: a procura estrangeira fora da UE
% de procura fora da UE face ao total de procura estrangeira em Portugal
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